quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Escolha, Custo de Oportunidade e Trocas


  • Coeteris Paribus: "tudo o mais constante". É usada na economia para definir que, num dado raciocínio, tomam-se como constantes todas as variáveis que poderiam ter influência no fenômeno em análise, com exceção da variável em consideração.
  • Tipos de Bens: tudo aquilo que contribui para a satisfação direta ou indireta de desejos ou necessidades humanas são considerados bens.
    • No sentido restrito: refere-se a coisas tangíveis, que tem existência física [mercadorias].
    • No sentido lato: refere-se tanto a mercadorias quanto a serviços [transporte, atividades profissionais liberais, etc.].
  • Os bens são classificados de acordo com a forma e circunstâncias em que é utilizado [disponibilidade, forma de utilização e uso]:
    • Disponibilidade:
      • Bens Livres: não escassos. Ex: ar, luz solar.
      • Bens Econômicos: escassos, cuja obtenção implica sempre um custo. Ex: MP3 player.
    • Formas de Utilização:
      • Bens Intermediários: que irão compor ou se transformar em outros bens. Ex: cristal líquido utilizado para a tela do MP3 player.
      • Bens Finais: que não sofrerão mais nenhum processo de transformação ou de agregação de valor. Ex: MP3 player.
    • Uso: 
      • Bens de Capital: apesar de não se transformarem mais em outros bens, irão participar do processo de produção de novos bens. Ex: MP3 player utilizado por uma revista musical.
      • Bens de Consumo: capazes de satisfazer imediatamente as necessidades das pessoas. Ex: MP3 player utilizado por um adolescente comum.
        • Duráveis: produzem serviços ou têm utilidade por um período de tempo. Ex: geladeiras, máquinas de lavar, automóveis.
        • Não-duráveis: inteiramente usados no ato de consumo. Ex: alimentos.
  • Eficiência econômica: obtenção do máximo possível, com os recursos disponíveis; ou obtenção de certo resultado com o mínimo de recursos possível. Uma alocação eficiente de recursos é chamada de "ótimo de Pareto".

  • Eficiência x Equidade: em algumas circunstâncias pode haver um conflito entre eficiência econômica e equidade distributiva [trade-off entre eficiência e equidade]. Ex: o lançamento de impostos progressivos [os mais ricos pagando proporcionalmente mais de sua renda], é um princípio de equidade. Contudo, esses impostos podem ter um efeito negativo sobre os incentivos para o investimento, e causar outras distorções, impedindo a alocação eficiente de recursos.
  • Fatores de Produção [recursos produtivos]: são os elementos básicos utilizados na produção de bens e serviços.
    • Terra: refere-se a terras que se pode cultivar, construir, etc; mas também se refere a recursos naturais, como minérios ou água.
    • Capital: recursos produzidos pelo homem e destinados a produção de outros bens, como máquinas, equipamentos e edifícios.
    • Trabalho: conjunto de serviços humanos empregados na produção.
  • Escolhas no Consumo: A Linha de Possibilidades de Consumo [LPC]
    • Levando-se em consideração a escassez de escolhas e a maximização dos ganhos, traça-se a Linha de Possibilidades de Consumo, de um dado consumidor com dois produtos que podem ser consumidos por ele. Em cada eixo ficariam as quantidades possíveis de cada produto. A LPC [ou Curva de Restrição Orçamentária] seria a reta que liga os dois eixos, mostrando as combinações possíveis dos dois produtos de acordo com a renda disponível. Os pontos da LPC são combinações possíveis, mas não necessariamente desejáveis. Ex: Se João tiver como renda R$ 150, 00 para alimentação, e tiver duas alternativas: fast-food, R$ 12,50, e RU, R$ 2,50, é possível traçar sua LPC:

       

      Os pontos A a E são as opções otimizadas. O ponto F seria o caso de João não gastar todo seu dinheiro, que vai contra o princípio do agente maximizador.

      A LPC representa uma fronteira de consumo, mostrando o consumo máximo possível, dada a restrição orçamentária.

  • Escolha na Produção: A Curva de Possibilidades de Produção [CPP]:

    A CPP mostra a fronteira de produção de uma unidade produtiva, onde o produtor escolhe dentre alternativas, buscando maximizar seus ganhos. Sua restrição orçamentária são os recursos que dispõem para a produção. Mostra as combinações possíveis de produção de dois produtos com as quantidades disponíveis dos fatores de produção [terra, capital e trabalho], e com a tecnologia existente.




    Os pontos A ao E representam as combinações possíveis de produção máxima de milho e soja. Abaixo da CPP, se houvesse algum ponto, haveria subutilização de recursos, sendo, portanto, ineficiente. Pode haver alteração dos fatores de produção como avanços tecnológicos ou aumento de capital. Também pode haver diminuição, como uma situação de guerra.
  • CPP e Custo de Oportunidade:Ainda observando a imagem acima, podemos conceituar o custo de oportunidade. Se um produtor sair do ponto A, onde produzia 100 sacos de milho e nenhum de soja, e for para o ponto B, onde produziria 75 sacos de milho e 20 de soja. Os 25 sacos de milho que ele deixa de produzir [pelos fatores limitados de produção: terra, capital e trabalho] são o custo de oportunidade. A conta pode ser feita por regra de três:


         20 sacos a mais de soja ------------ 25 a menos de milho             
          1 saco a mais de soja -------------- x sacos a menos de milho                           

            ou           x = 25 = 1,25
                                 20


    Logo, seriam 1,25 sacos a menos de milho. O custo de oportunidade de 1 saco de soja é igual a 1,25 sacos de milho.

  • Custo de Oportunidade e Trocas:

    O conceito de custo de oportunidade tem grande importância na análise das trocas entre agentes. O gráfico abaixo representa o caso de dois marceneiros, Alfa e Beta, que podem escolher entre produzir cadeiras ou mesas:

          
          Eles têm acesso às mesmas tecnologias, mas cada um tem uma dotação de fatores produtivos fixa, sendo distintas suas possibilidades de produção. 
    • Vantagem absoluta: quem consegue produzir o bem em maior quantidade. No exemplo dado, Alfa possui vantagem absoluta tanto na produção de mesas quanto na de cadeiras em relação a Beta.
    • Vantagem comparativa: está relacionada ao custo de oportunidade, sendo necessário calcular os custos de oportunidade de produção daquele bem para todos os produtores em questão. Divide-se a quantidade máxima de produção dos produtos para alcançar o custo de oportunidade. Quem tiver o menor custo de oportunidade, ou seja, quem deixar de  produzir menos de um bem para produzir outro. Sendo assim, Beta possui vantagem comparativa na produção de cadeiras, já que Beta teria 2/10= 0,2, enquanto Alfa teria 4/12= 0,33.

      Havendo possibilidade de troca, os produtores se especializarão na produção em que têm vantagem comparativa, pois lucrarão com isso.
    • Vantagem relativa: situação em que a troca de produtos deixa ambos produtores em melhor situação.
      • Homem econômico: maximiza os ganhos e minimiza as perdas.

        Se ambos se especializarem naquilo que tem vantagem comparativa, a troca será fortuita para ambos.
  • Os Ganhos com a Troca:

    As diferenças nos custos de oportunidade geram vantagens comparativas, que abrem possibilidades a trocas, que podem beneficiar a todos. A distribuição dos ganhos depende da relação em que se dê a troca [preço]. O comércio melhora a alocação dos recursos produtivos para o conjunto dos dois produtores. A maximização da eficiência produtiva requer que cada um se dedique a produzir aquilo que faz melhor [especialização]. 

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