Família Romanov

Em 1613, iniciou-se a dinastia Romanov. O monarca mais expressivo teria sido a czarina Catarina [nome de um barco em algum livro], a Grande, que conseguiu levar a Rússia a progredir pelo contato com ideias iluministas, aplicadas conforme suas regras e com grande abuso de poder.

A monarquia russa sustentava-se e a seus nobres através do controle das terras, e tanto a Igreja quanto a nobreza rural detinham as melhores terras. A população vivia de forma miserável, prestando serviços feudais [basicamente camponeses], eram analfabetos como a maior parte da Europa. Com o crescimento do capitalismo, a possibilidade de mudar seu status social foi sendo vista como algo palpável. Porém, as enormes jornadas de trabalho, a fome e a falta de emprego, já que os centros urbanos

concentravam as atividades industriais, junto com ideias de lutas de classe fizeram do operariado
russo os protagonistas da primeira revolução socialista do século XX. [aspectos sociais da época]

Ao ser coroado, o czar Nicolau II, se dizia despreparado, e apesar de ter tentado promover a industrialização com a entrada de capital estrangeiro, não pode perceber que os ideais monárquicos estavam ruindo. A monarquia russa foi minada em duas frentes: a exterior, quando entrou em guerra territorial contra o Japão, e posteriormente contra a Alemanha, na Primeira Guerra Mundial [1914], em ambas sofreu derrotas.

A frente interna aniquilou o sistema monárquico, com a luta do operariado por uma vida mais digna, representados pelo partido político POSDR, que logo se dividiria: Mencheviques [defendiam que os trabalhadores podiam conquistar o poder pela atuação política de cada proletário] e Bolcheviques [liderados por Lênin, diziam que a verdadeira revolução só seria alcançada pela luta armada dos trabalhadores].

A família imperial, em fevereiro de 1917, foi mantida prisioneira no Palácio de Alexander, enquanto o país vivia sob regime provisório [aumento das greves, protestos violentos, revolta popular]. Em março de 1917, o czar, ainda preso, assina sua abdicação. Com os bolcheviques cada vez mais rebeldes, os Romanov são transferidos para a sibéria. Explode a revolução e os bolcheviques tomam conta da Rússia, a família do czar é então enviada para Yekaterinburg, seu destino final.

Na madrugada de 17 de julho de 1918, a família e os quatro empregados que a acompanhavam foram acordados. Disseram para se arrumarem, pois iriam tirar uma foto para provar a população que ainda estavam vivos. Foram, então, levados para o porão, onde entraram homens armados com baionetas. Yurovsky lê a sentença de morte de toda a família. O último imperador da Rússia, só teve tempo de dizer "O que?", e de se virar para sua família, sendo morto com uma bala na cabeça. Em seguida, uma chuva de balas dá cabo dos outros.

Para surpresa dos guardas, as grã-duquesas não caíram, estavam com os espartilhos cobertos de jóias [para sobrevivência da família no exílio]. O grupo armado começou a ficar nervoso achando que poderia haver algo de sobrenatural no fato, acabaram por matá-las usando as baionetas. Yurovsky ordenou que jogassem ácido sobre os corpos, para dificultar a identificação, e foram enterrados em uma vala comum.

Foi então que surgiu o "mito" Anastasia. Começaram a surgir boatos de que haveria sobreviventes, alguns diziam que Anastasia teria escapado dos ferimentos, e depois de estuprá-la, um de seus executores a teria deixado viver. Com as histórias apareceram várias mulheres dizendo ser a filha do czar. [O fato de não ter sido divulgada a localização dos corpos contribuiu para a construção do mito]. Em 1991, os restos mortais dos Romanov foram desenterrados para exumação, onde uma equipe americana e outra russa tiveram participação, sendo confirmados os corpos do czar Nicolau II, da czarina Alexandra, das filhas Olga e Tatiana, e dos acompanhantes: a empregada Ana Demidova, o doutor da família Dotkin, o cozinheiro Kharitonov e do Sr. Trupp, valete do czar. As equipes discordaram quanto aos resultados do nono corpo: a russa afirmava que era Anastasia, a americana alegava que o corpo era muito grande para uma garota. Assim, ficam as dúvidas: Anastasia realmente teria sobrevivido? E Alexei, porque não estava entre eles? Teriam os dois fugido ou sido enterrados em outro lugar?

Anastasia tinha um temperamento divertido, e gostava de imitar as pessoas, arrancando risos da família. Era muito próxima ao irmão, Alexei, e sempre tentava alegrá-lo, pois  o garoto sofria muito com sua doença [hemofilia, fato que a família guardava em segredo absoluto, não só pelo preconceito que o fato geraria, como por ele ser o único herdeiro do czar]. Por causa da doença de Alexei, a czarina mantinha Rasputin [suposto bruxo, mais para charlatão sortudo e depravado] sempre próximo da família, já que ele, por coincidência ou não, conseguia manter a doença do garoto sob controle [falou-se sobre hipnose]. Como em todo lugar, surgiram boatos de que haveria algum envolvimento entre Rasputin e a czarina. Ele morreu em 1911.

Mais um dos legados para a posteridade, relacionados a  família, são os ovos feitos de ouro e pedras preciosas, trabalho fantástico de Carl Fabergé, joalheiro da corte russa. Fez o primeiro deles a pedido de Alexandre III, pai de Nicolau II, para dar a esposa Maria Feodorovna, em seu aniversário de 20 anos de casamento. Os ovos eram fabricados geralmente com ouro, prata, cobre e/ou com pedras preciosas da região, mediam em média 13 centímetros de altura. Até hoje, dos 57 ovos produzidos, somente 44 foram encontrados. [não gosto de toda essa ostentação, mas tenho de dizer que é uma belíssima ostentação!!!]

               

                                                 
                     
             










   

C.P.: A Fox conseguiu tornar até mesmo essa história sangrenta em um conto de fadas. E eu acho maravilhoso como uma personagem real, com algo de misterioso em sua morte, pode alcançar as pessoas até os dias de hoje. Ainda assim a maioria nem percebe. Ao que parece todas as nações tem suas mistificações em torno de determinadas personalidades, algo como o "mito do herói".