Os grupos viajantes de atores montavam um palco ao ar livre e divertiam a platéia com música, malabarismos, acrobacias e peças de humor improvisadas. As peças tinham como plano de fundo situações convencionais: adultério, ciúme, velhice, amor. Os personagens eram identificados pelo figurino, máscaras e objetos cênicos.
Na trama tradicional os enamorados desejam se casar, mas os mais velhos tentam impedi-los, então eles precisam de um ou mais criados para ajudá-los. Tipicamente tudo termina bem, com o casamento dos enamorados e o perdão por todas as confusões causadas. Há inúmeras variações dessa história, assim como muitas variam totalmente dessa estrutura, como uma famosa história em que o Arlequim acaba "grávido".
Arlequim se consagrou como empregado trapalhão, ágil e malandro, com capacidades acrobáticas, capaz de colocar o patrão ou a si em situações confusas. Há ainda Briguela, um empregado correto e fiel, mas cínico e astuto, rival de Arlequim. Pantaleão era um velho fidalgo, avarento e eternamente enganado, que se apaixonava facilmente. O Capitão, um covarde que contava suas proezas de amor e em batalhas, mas que acabava sempre por ser desmentido. Polichinelo era um criado simples e gracioso, que gostava de uma boa macarronada. Já Colombina era uma criada com extrema agilidade, esperta e inteligente, que costumava tirar proveito de todas as situações.
Os personagens eram representados por atores com papéis fixos, as vezes eles representavam o mesmo papel até sua morte. Usavam máscaras que deixavam a parte inferior do rosto descoberta para uma perfeita dicção e respiração fácil. Os enamorados não utilizavam máscaras. Ridicularizavam militares, prelados, banqueiros, negociantes, nobres e plebeus.
O comportamento dos personagens enquadrava-se num padrão: o amoroso, o velho ingênuo, o soldado, o fanfarrão o pedante, o criado astuto; todos desenvolvidos e especializados pelos atores que exploravam suas próprias características físicas e capacidades cômicas. Scaramouche, Briguela, Colombina, Polichinelo, Arlequim, Pierrô, o Capitão Matamoros e Pantaleão são personagens que esta arte celebrizou e eternizou.
As representações tinham lugar em palcos temporários. A precariedade dos meios de transporte e das vias, e as consequentes dificuldades de locomoção, determinavam a simplicidade e minimalismo dos adereços e cenários. Muitas vezes, estes últimos resumiam-se a uma enorme tela pintada com a perspectiva de uma rua, de uma casa ou de um palácio. Assim, neste tipo de peças o ator surge como o elemento mais importante.
No século XVIII, a Commedia Dell'Arte começou a entrar em declínio, tornando-se vulgar e licenciosa. Alguns autores tentaram resgatá-la criando textos baseados em situações tradicionais deste tipo de teatro, mas a improvisação e espontaneidade textual era a peculiaridade central, então a Commedia Dell'Arte não tardou a desaparecer.
C.P.: Gosto dessa ideia de sair viajando pelo país, representando e improvisando, levando a felicidade, e satirizando as diversas camadas da sociedade. Algo como o Teatro dos Vampiros.
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