sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Peaky Blinders



Vi um filme, certa vez, sobre as gangues inglesas, acho até que era com Leonardo DiCaprio [tive que procurar como se escreve essa bagaça..], e não gostei. Na minha lembrança era um filme ruim, não sei mais o porquê. Por essa razão relutei em começar a ver essa série. Contudo, as coisas parecem surgir na hora certa [agradecimentos à Dama Inconstante]. De férias, com muito tempo e pouco dinheiro, sobra colocar as séries em dia [ou começar umas trinta outras e largar essas também pela metade..].


Peaky Blinders é uma série bem feita, cada cena parece uma obra de arte bem pensada. Todo o cenário sombrio e sujo de uma Inglaterra no início do século XX, logo após a primeira Grande Guerra, se reconstruindo e industrializando. E uma coisa que sempre reclamo nesses filmes ou séries históricas é o fato de tudo parecer muito limpo, sabe, as roupas dos camponeses parecerem novas, e os soldados com roupas brancas impecáveis. Isso sempre me incomodou, não soa coerente e acaba com a imersão. Acontece que Peaky Blinders traz exatamente uma cidade suja, cheia de fumaça, em processo de expansão, como deveria ser.

A Primeira Guerra Mundial é um elemento muito presente na primeira temporada. Tommy Shelby e seus irmãos acabaram de voltar dela, e trazem uma carga emocional pesada, cheia de traumas que moldam seu caráter. O negócio dessa família de gangster se baseia em apostas em corridas de cavalos, criando um esquema ilegal. Eles também são conhecidos por usar lâminas de barbear costuradas em suas boinas.

Os personagens são profundos e a história soa bem real. Como a parte da irmã de Tommy, Ada, que se apaixona por um comunista. Ele lutou na guerra com Tommy, e é amigo da família, porém sua visão política os coloca como inimigos. Essa visão de grupos comunistas, e a luta por direitos trabalhistas, e depois por direitos da mulheres é bem explorada na série. Assim como fatos históricos são introduzidos, se entrelaçando à ficção. É o caso dos Romanov [também há citação aos ovos Fabergé], também a proibição de bebidas nos EUA, e depois a máfia italiana.




Outra coisa que faz você se apaixonar pela série é a trilha sonora [até fui atrás da tracklist. E se você observar, a abertura, Red Right Hand, é repetida durante a série em outras versões]. E até mesmo uma das personagens canta, que é a Grace. Grace é uma espiã, e trabalha com quem será uma espécie de arqui-inimigo de Tommy [essa parte lembra muito Sherlock Holmes, com um tentando se manter um passo a frente].




E claro, sou apaixonada por como o senso de união pela família é apresentado. E ainda tem toda a coisa de eles serem ciganos. Na verdade, a cidade está dividida em grupos de poder: os Peaky Blinders, os judeus, os italianos, a polícia...

Dito isso, ainda falta eu reclamar das continuações de filmes e séries no geral. Peaky Blinders terminou a primeira temporada de forma fabulosa. Então teve outras três temporadas, e há previsão para mais uma, que não conseguem manter tanto o interesse. A partir da segunda já não temos mais um Tommy atormentado por lembranças da guerra. Alguns personagens mudam e evoluem e são trazidos outros, o que é normal. acho que o que muda é que já não temos o elemento surpresa de como funciona aquele mundo. E sim, vale muito a pena ver as demais temporadas, é só a empolgação que se perde um pouco.


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