segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Teorias do Comércio Internacional II

A Teoria da Dotação de Fatores [Neoclássica ou de Heckscher-Ohlin Samuelson]


A explicação para a existência do comércio internacional estaria na diferença da dotação de fatores de produção de capital e trabalho entre os países, e diferenças na utilização desses fatores entre setores da economia.

A teoria considera dois fatores: capital e trabalho. Os países possuem dotações diferentes. Existem produtos que exigem mais mão-de-obra e outros que exigem mais capital. Há concorrência perfeita  em todos os setores e conhecimento tecnológico disseminado entre os países.

Ex: dois países [A e B], e dois produtos [alimentos e máquinas/equipamentos]. O gráfico abaixo mostra as CPP diferenciadas dos dois países.




O país A tem mais mão-de-obra, sendo mais favorável a produção de alimentos. O país B, por ter mais capital, tem melhores condições de produzir máquinas. Nestas condições, País A tenderá a exportar alimentos e País B a exportar máquinas.

A explicação para a diferença entre os CO entre os países, baseia-se na diferença de dotação de fatores, possibilitando o comércio internacional com ganhos recíprocos.

Essa explicação foi incorporada à teoria do comércio internacional na primeira metade do séc. XX, como um extensão da teoria das vantagens comparativas de Ricardo.



Considerações Sobre as Limitações da Teoria das Vantagens Comparativas


No mundo real, essa especialização em bens que o país tenha vantagem comparativa tende a não ocorrer:


  1. Há limitação de fatores de produção a serem considerados, como por exemplo o conhecimento tecnológico, que pode ser considerado um fator a parte, assim como os recursos naturais, que não estão distribuídos igualmente entre os países.
  2. Há proteção interna da produção nos países [para proteger o nível de emprego, por exemplo]. Esse fato introduz um elemento que interfere nos fluxos de comércio e nos resultados potenciais.
  3. Há as questões de transporte entre os países, que podem inviabilizar o comércio, mesmo que os custos sejam baixos.
  4. Grande parcela da renda dos países é gasta com bens não comercializáveis, como conserto de automóveis ou manicure.
  5. Países tem tamanhos diferentes. Assim, mesmo que um país menor se especialize na produção de um bem, não conseguirá atender a demanda de um país maior.

Apesar de suas limitações, a teoria das vantagens comparativas mostra questões importantes como a importância da produtividade e a prevalência das vantagens comparativas [e não das absolutas] na explicação do comércio.


Teoria do Ciclo de Vida do Produto


Nasceu do intuito de analisar porque um produto surge em um país e que fatores contribuem para que, após certo grau de desenvolvimento, a empresa que o produz tenda a localizar sua produção em outro país. Seu desenvolvedor foi Raymond Vernon, no período imediatamente posterior a Segunda Guerra Mundial até meados da década de 1960, nos EUA.

Os produtos são inovações em setores industriais para consumidores de alta renda. São produzidos em países mais desenvolvidos pois estes possuem progresso tecnológico e monopólio transitório, devido a sua capacidade de investimento em pesquisas e mão-de-obra altamente qualificada, alem da renda elevada.

Com o passar do tempo, o poder de monopólio se dilui devido a imitação por outras empresas, sendo então levado a países menos desenvolvidos para produção, uma vez que esta já se tornou padronizada.


  • Ciclo de vida dos produtos:
  1.  Fase inicial: Desenvolvimento e introdução no mercado. As vantagens comparativas seriam dos países inovadores, desenvolvidos. 
  2. Fase de maturação: entram novos concorrentes no mercado ainda altamente concentrado nos países desenvolvidos. Com a diversificação da oferta, a concorrência passa a ser mais elástica aos preços.
  3. Fase de pós-maturação ou padronização: o consumo se massse massifica e a escala de produção aumenta, perdendo importância os custos vinculados a atividade de inovação e ganhando importância as atividades vinculadas aos custos tradicionais (capital, mão-de-obra e matérias- primas). 

A teoria não explica os fluxos de investimentos estrangeiros no cenário atual de integração dos mercados em nível mundial, mas rompe com a nocao de vantagens comparativas baseadas apenas na dotação de fatores, introduzindo um componente de dinamismo.

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