quinta-feira, 24 de maio de 2012

Lucrécia Bórgia

Lucrécia Bórgia, foi filha ilegítima de Rodrigo Bórgia < que se tornou papa Alexandre VI > e irmã do déspota César Bórgia. Nasceu em 18 de de abril de 1480, sua descendência paterna é espanhola, Borja, que italianizaram o nome para Bórgia. Passou sua infância perto de sua mãe, mas logo separou-se desta para receber uma educação digna de sua condição, em conventos e na casa de Adriana de Milá.

Lucrécia casou-se aos treze anos com Giovanni Sforza. Foi dita a mais bela mulher de toda Roma, com seus cabelos cor de ouro e olhos de um azul cintilante. O casamento só foi consumado dois anos depois, já que noiva foi considerada muito jovem. O casal passou esse período separado, Lucrécia no Vaticano e Sforza em Pésaro.

Assim que pode Sforza levou a esposa para Pésaro, onde diz-se que a estuprou e espancou. Ao saber disso os Bórgia planejaram vingar-se. Outra versão diz que Sforza havia se aliado a inimigos dos Bórgia, e por isso quiseram dissolver seu casamento. Tendo recusado e acusado César de ameaçá-lo, este decidiu matá-lo, no que foi impedido por Lucrécia, que ajudou Sforza a fugir. O papa Alexandre VI, pediu a anulação do casamento alegando que o casamento não fora consumado por Sforza ser impotente, mesmo sabendo que a última esposa dele havia morrido em um parto mal sucedido. Diante das calúnias, Sforza  passou a difamar a família Bórgia < ele me xingou, vou xingar ele... >, dizendo que sua esposa mantinha relações incestuosas com o pai. < nada foi comprovado >

Algum tempo após a anulação de seu primeiro casamento, nasce Giovanni Bórgia < mais conhecido como o Infante Romano >, que seria o fruto das relações entre Lucrécia e o camareiro de Alexandre VI < não comprovado >. Não se sabe quem seriam os pais do Infante Romano, visto que Alexandre VI promulgou duas bulas contraditórias: numa declara ser pai da criança, noutra a declara filha de César Bórgia com uma mulher não casada. O fato é que o futuro da criança foi garantido.

O próximo escolhido para marido de Lucrécia <então com 18 anos > é Afonso de Aragão, duque de Biscegli, casamento que aumentava as possessões dos Bórgia e deixava César mais perto do trono de Nápoles. Na verdade, Afonso não desejava casar-se com uma Bórgia. A fama de Lucrécia a precedia como uma mulher cruel, que guardava veneno mortal em um anel < Cantarella, famoso veneno dos Bórgia > e uma mulher frívola que era "filha, mulher e nora" de seu pai. Porém, ao conhecê-la, verificou que era realmente bonita e aparentemente inofensiva.

Um ano após o casamento, Alexandre VI, dá a filha a fortaleza de Nepi e as regiões de Spoleto e Foligno para que as governasse. Lucrécia prova então sua inteligência e perspicácia < falava francês, espanhol, latim e um pouco de grego >, ao governar os lugares com eficiência, justiça e piedade.

Um dia Afonso foi emboscado e gravemente ferido, ficando aos cuidados de Lucrécia e da irmã, Sancha, que preparavam até sua comida com medo de o envenenarem. Ele descansava em seu leito, quando César Bórgia entrou e mandou estrangulá-lo, afastando assim um pretendente ao trono de Nápoles.

Lucrécia ficou profundamente abalada com a morte de seu marido e refugiou-se no convento de São Domini. Alexandre VI, esforçando-se para reconquistar a afeição da filha e provar suas capacidades administrativas ao próximo marido, entregou-lhe os negócios interiores da Igreja. Lucrécia foi a única papisa da história, e por uma semana governou muito bem os Estados Pontificais, da mesma forma que, mais tarde, na ausência de seu marido, governaria Ferrara < quando criou um édito em proteção dos judeus >. A atitude inédita de Alexandre VI escandalizou os cardeais da época, e aos inimigos dos Bórgia serviu para aumentar as calúnias sobre as relações entre pai e filha.

!Seu último casamento foi com Afonso D'Este, herdeiro do trono de Ferrara, e durou até a sua morte < aos 39 anos >  em 1519. Afonso e Lucrécia tiveram sete filhos: Hércules, Hipólito, Leonor, Francisco e três que morreram na primeira infância. Morreu durante o parto.

Sua vida parecia amaldiçoada por calúnias por parte dos inimigos do pai, e ainda porque o irmão, por razões políticas, matou seu primeiro marido e mandou estrangular o segundo. Fica a dúvida: Lucrécia Bórgia vil e voluptuosa, comandava e controlava os homens da família, ou uma mulher dócil que teve a vida controlada pelas expectativas políticas de sua família?

Há uma peça escrita por Victor Hugo que ajudou a disseminar a imagem de envenenadora de Lucrécia. Victor Hugo baseava-se em Filofila, conhecido como maior difamador da família Bórgia. Toda noite aparecia um novo cartaz sobre as orgias de Alexandre VI no Vaticano, dizia também que ele além de dormir com a própria filha, a induzia a dormir com os cardeais e envenená-los no dia seguinte. Com detalhes, Filofila descrevia a suposta relação incestuosa entre César e Lucrécia. Certo dia seus restos foram encontrados mutilados na frente da casa de seus senhores, Orsini. Sobre o caso César apenas comentou: "Roma havia se acostumado a escrever e falar o que quisesse, mas eu ensinarei todo o povo a perder o mau costume".


C.P.: César Bórgia parece ter sido realmente assustador, ótimo vilão (Assassin's Creed). A família Bórgia acaba sempre aparecendo pra quem lê muito. Descobri a Cantarella no mangá Conde Cain, que não fala necessariamente sobre eles, mas sobre venenos. Há também um seriado que pretendo assistir sobre a família.

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