segunda-feira, 16 de junho de 2014

Corset, Corselet, Corpete e Espartilho


          Corset é o nome francês dado ao espartilho, que é usado por baixo da roupa para redefinir as formas da silhueta, sustentar o busto, e dar suporte à coluna [dando um porte altivo a quem o usa]. O corselet é visualmente parecido com o corset, uma remodulação do mesmo, porém menos resistente, pois é feito com menos camadas de tecido, ele possui as chamadas barbatanas feitas de plástico ou silicone. O corpete é uma peça mais simples, sendo mais conceituada como blusa, que como lingerie, raramente possuindo barbatanas [que é o que faz a modelação corporal. Estes são conceitos atuais, podendo ter sido definidos de outra forma no passado..]. Respectivamente corset, corselet e corpete:






          A data de seu surgimento não é precisa, tendo menções na Grécia antiga, mas sendo notadamente conhecido durante o Renascimento. O uso dessa peça foi difundido a partir dos séculos XV e XVI. Nessa época eram itens desconfortáveis, geralmente fabricados com ferro, madeira ou ossos de baleia, além de várias camadas de tecidos grossos reforçadas por cordas [a pesca de baleias eram comum na época, e atualmente é regulamentada..], sendo que este último material prevaleceu até que começou a ser substituído por ferro ou outros materiais mais facilmente comercializáveis.

          Corset é o nome francês, sendo que na língua inglesa eram chamados de Stays ou Bodices, e eram fabricados em associações de artesãos [evolução das antigas guildas medievais], apenas por homens, uma vez que as mulheres não eram permitidas nas associações.



          Para acompanhar a moda, o corset mudou sua forma ao longo dos séculos. No século XVI, a forma do corset era cônica, achatava os seios e tinha ponto baixo na cintura, parecia uma armadura, usado somente pela alta sociedade devido ao alto custo de fabricação. Nessa época, o uso dos corsets não era restrito às mulheres, uma vez que as vestimentas dos homens também eram rebuscadas e volumosas. No século seguinte a forma cônica manteve-se, com anexo de adereços na parte inferior e na cauda, com o intuito de enfeitar. O século XVIII fixou os enfeites como parte do corset, que agora era usado para comprimir as costelas e ressaltar os seios, sendo também usado pelas classes mais baixas, neste caso com fabricação em couro.



          Seguindo tendências políticas, o corset foi abandonado na França, logo após a Revolução, uma vez que houve a ascensão do estilo neoclássico. Contudo, teve seu retorno em 1810 [já com o nome Corset popularizado], na forma do espartilho com alças. Em 1860, o corset apresenta uma forma menor, com o uso de barbatanas de metal aspiraladas [em substituição das de baleia..], sendo que a partir de 1830, ele passou a fazer parte da indústria [estima-se que houvessem mais de 10 mil trabalhadores especializados em sua confecção, em Paris, no ano de 1855], e agora as mulheres também participavam de sua fabriação [talvez por isso tenham ficado mais enfeitados e atraentes..]. Em 1870 seu uso volta a aumentar, com o advento de elásticos nos quadris, e o  ganho de cores em 1880.



          O corset, em geral, sempre foi usado como forma de seguir uma tendência de beleza, para afinar a cintura, porém alguns tentavam explicar seu uso de maneiras estapafúrdias, como as mulheres terem uma constituição tão delicada que precisariam de ajuda, e coisas do tipo. Casos de desmaios eram frequentes, uma vez que a peça impedia uma respiração mais profunda, além de deformar ou juntar de forma não natural os órgãos internos [por isso toda a imagem de fragilidade que as mulheres da época passavam..]. Muitos médicos eram contra seu uso, e ele foi proibido em algumas ocasiões [houve casos de costelas quebradas e doenças respiratórias]. Outra razão apontada para seu uso, também se utilizando da "fragilidade feminina", era de que o corset seria um dificultador ao assédio masculino, uma vez que era difícil retirá-lo [no caso das peças de ferro com ponto baixo na cintura, até poderia-se usar esta desculpa...].


          Foi no século XVIII que houve a disseminação do uso aberto do corset por parte dos homens. Isso foi causado pelo Dandismo, que é um estilo surgido na época, caracterizado por homens que se vestem com extremo refinamento e sobriedade [hoje chamados de transsexuais..], ressaltando a beleza do corpo masculino. Esta prática nunca teve grande adesão, sendo ridicularizada por alguns por meio de caricaturas [e os homens que usavam corsets diziam ser por correção postural..].


          Na segunda metade do século XIX, as mulheres carregavam de cinco a quinze quilos de roupas [espartilho, camadas de corpetes, no mínimo três anáguas, armação de saia ou crinolina, um vestido comprido, acessórios: xales, toucas..], e basicamente se arrastavam por aí [como não tinha de fazer nada, era um costume comum..]. Chegamos então a Belle Époque [1871-1914], que foi um período luxuoso vivido por poucos na Europa [os realmente ricos]. Aqui, o formato frontal do corpet torna-se mais simples, amplo e rígido, sendo adicionada a função de levantar as nádegas, tornando a silhueta mais curvilínea, com quadris mais largos. A faixa peitoral é diminuída, sendo este chamado "corset abdominal", era usado de forma muito apertada, para que a usuária adquirisse uma curvatura em "S" [a intenção era que a mulher tivesse a forma de uma ampulheta: seios e quadris acentuados, e uma cintura extremamente fina..]. Voltando aos conceitos deturpados da sociedade, temos que era questão de honra manter o espartilho muito apertado, pois quem não o tivesse teria sua moral posta em dúvida [hêhê..]. Ao longo deste século, o uso de espartilho estava diretamente ligado a respeitabilidade, pois demonstrava autodisciplina e postura [além de dificultar qualquer avanço por parte dos homens..].




          Com o passar das eras, o corset passou a ser mais ricamente enfeitado e confortável. Durante a Era Vitoriana era peça indispensável do vestuário feminino, servindo de base para assentar as demais roupas. Em 1920, seu uso foi praticamente abandonado, uma vez que as mulheres passaram a fazer parte da classe trabalhadora, deixando de lado os quilos extras de roupas para usar roupas mais práticas e leves. O espartilho passou a fazer parte do fetiche e fantasias sexuais. Na década de 50, quando voltou a moda da cintura fina, as mulheres optaram pelo uso de cintas de elástico, tendo o corset seu retorno nos anos 70, sendo alguns estilistas os responsáveis por tal fato. E finalmente, nos dias de hoje, o corset permanece vivo, sendo visto como forma de apelo sexual, e usado principalmente como fetiche.


















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