domingo, 26 de agosto de 2012

Caronte, o Barqueiro



Conhecido como o Barqueiro da Morte [ou dos Infernos], nas mitologias grega e romana, era o responsável por transportar a alma dos mortos pelo rio Aqueronte [das dores]. Algumas vezes retratado como um deus velho de barba branca, em outras com uma máscara de bronze para ocultar sua face macabra, que faria os recém-mortos repensarem em entrar na barca. Aparece sempre de pé em sua barca estreita, segurando um remo na escuridão da noite eterna e enevoada do Aqueronte.





Recolhia apenas as almas para as quais os vivos haviam celebrado as devidas cerimônias fúnebres, e que houvessem sido enterrados com uma moeda sob a língua [chamada óbolo], usada para pagar a passagem. As demais almas tinham de vagar durante cem anos, antes de serem admitidas na barca. Essas eram as almas que voltavam para atormentar os vivos, por isso era pouco comum desrespeitarem as cerimônias fúnebres [medo dos mortos voltarem para atormentá-los, ou que amados e familiares não pudessem chegar a outra margem, e ficassem a perambular pela eternidade]. Na outra margem do Aqueronte ficava o Cérberus, cão de guarda de três cabeças do Hades. Era muito dócil e gentil com as almas que chegavam, mas mostrava sua face feroz aos que tentassem fugir.




Um mortal não podia entrar em sua barca, a não ser que tivesse como salvo-conduto um ramo de ouro de uma árvore fatídica, consagrada a Perséfone, divindade que raptada por Hades, tornou-se Rainha das regiões das sombras. A Sibila de Cumas [profetisa] deu um desses ramos a Enéias, herói lendário, quando este quis descer aos infernos para rever seu pai. Diz-se que Caronte foi condenado a passar um ano nas profundezas Tártaro [prisão dos deuses, gigantes e titãs], por ter dado passagem a Hércules, que não possuía um desse ramos.



Filho de Erebus [deus da Escuridão] e Nix [deusa da Noite], Caronte recebeu esta tarefa após tentar roubar a Caixa de Pandora, no que foi surpreendido por Zeus. No início fazia a travessia junto a seu irmão gêmeo Corante. Cada um utilizava um remo e ficava com uma das moedas recebidas, e dividiam as gorjetas a mais. Deveria ser assim por toda Eternidade. Porém, Corante notou que as gorjetas ficavam cada vez mais escassas, e quando haviam, eram valores muito menores que de costume. Começou a duvidar do irmão. Um dia descobriu que Caronte estava lhe roubando. Pegava a gorjeta antes que ele visse e desviava parte do faturamento para si [me pergunto em que gastavam o dinheiro!?!]. Brigaram por 13 meses [de 28 dias cada] e um dia. Os mortos perambulavam livremente pela terra durante este período, pois não havia quem os conduzisse para o Outro Mundo. no 365º dia, Caronte matou seu irmão, afogando-o no rio. O corpo de Corante se dissolveu e tingiu o rio de vermelho.



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